AS PROMESSAS DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

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    Os Santos foram aqueles que souberam acolher a bela imagem do Coração aberto do redentor, fazendo dela a base da verdade sobre o amor que os sustenta. Uma dessas pessoas foi Santa Margarida Maria Alacoque, santa do século XVII, que recebeu do Senhor o dom de contemplá-lo intimamente em visões místicas, ao lhe revelar seu Coração transpassado e inflamado de amor pela humanidade, além de ouvir sua voz dirigida em forma de doze promessas para auxiliar, fortificar e salvar as almas que o acolhessem com sinceridade de coração e constante adoração.
Graças a esta santa a devoção ao Sagrado Coração se popularizou e em sua mensagem fundamental estava o desejo de experimentar intensamente o amor de Jesus e responder a tal amor com a totalidade do ser. Unir-se a Jesus na alegria e na dor! Sentir o que ele sentiu! Querer o que ele quis! Amar o que ele amou!
    As doze promessas do Coração de Jesus são um itinerário de crescimento na fé e na intimidade com o Senhor. Elas exigem o desejo ardoroso pela fidelidade ao amor do mestre e a busca por uma vida que se torne balsamo e alívio para a Chaga do Coração do Cristo, ainda ferida pelas rejeições, ofensas e pecados da humanidade. As promessas estão ligadas ao compromisso constante com a vida sacramental, assumindo o sacerdócio batismal na oferta da própria vida, crescendo na pureza do coração pela conversão e confissão dos pecados e, principalmente, por meio da Eucaristia, fonte e ápice de nossa alegria.
    Antes das promessas reveladas a Santa Margarida Maria, Jesus lhe diz a razão de sua manifestação e o desejo de salvação que estende a todos os que acolherem seu divino Coração. Ele nos diz, por meio da santa: “Eis o Coração que tanto tem amado os homens. Não recebo da maior parte senão ingratidões, desprezos, ultrajes, sacrilégios e indiferenças. Eis que te peço que a primeira sexta-feira depois da oitava do Santíssimo Sacramento (Corpus Christi) seja dedicada a uma festa especial para honrar o Meu Coração, comungando, neste dia, e dando-lhe a devida reparação por meio de um ato de desagravo para reparar as indignidades que recebeu durante o tempo em que esteve exposto sobre os altares. Eu te prometo que o Meu Coração se dilatará para derramar com abundância as influências do Seu Divino Amor sobre os que Lhe tributarem essa divina honra e procurarem que ela Lhe seja prestada”.
    As promessas que seguiram a essa revelação foram as seguintes:

1ª Promessa: “A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de Meu Sagrado Coração”;
2ª Promessa: “Eu darei aos devotos do Meu Coração todas as graças necessárias ao seu estado”;
3ª Promessa: “Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias”;
4ª Promessa: “Eu os consolarei em todas as suas aflições”;
5ª Promessa: “Serei refúgio seguro na sua vida e, principalmente, na hora da sua morte”;
6ª Promessa: “Lançarei bênçãos abundantes sobre os seus trabalhos e empreendimentos”;
7ª Promessa: “Os pecadores encontrarão, no meu Coração, fonte inesgotável de misericórdia”;
8ª Promessa: “As almas tíbias (fracas) se tornarão fervorosas pela prática dessa devoção”;
9ª Promessa: “As almas fervorosas subirão, em pouco tempo, a uma alta perfeição”;
10ª Promessa: “Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais endurecidos”;
11ª Promessa: “As pessoas que propagarem esta devoção terão o seu nome inscrito para sempre no Meu Coração”;
E a grande Promessa:
12ª Promessa: “A todos os que comungarem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, Eu darei a graça da perseverança final e da salvação eterna”.

   A Espiritualidade do Sagrado Coração de Jesus que se nutre dessas promessas é uma das mais ricas e queridas para a vida da Igreja. Em sua raiz embrionária somos transportados para a Sagrada Escritura já no mistério da encarnação. Na afirmação do Evangelho de São João, “e o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14), revela-se a entrada de Deus na história humana e a certeza que a fé nos dá de que o nosso Deus é próximo e tem Coração. Ele é soberano e justo, mas sua identidade mais profunda está em ser amor, compaixão, misericórdia e autodoação.
    É na grande cena do Cristo Crucificado que enxergamos essas belas características do Deus que se inclina e estende seus braços para acolher seus amados. Nesta cena está a máxima contemplação do que o Coração de Jesus representa para o mundo: vida doada em amor que transborda e restaura. Para os primeiros Cristãos ver aberto pela lança do pagão o coração do mestre e dele escorrer sangue e água é perceber a grande realidade do mundo que insiste em chagar Deus com sua rejeição, mas que continua recebendo dele apenas os tesouros da salvação: o batismo, oferta de vida nova, e a eucaristia, presença divina em nós como alimento e sustentação.
    Este Coração Sagrado que se compadece de nossa realidade e nos oferece seus cuidados, insiste em se colocar ao nosso lado para revelar-se, no amor, fonte borbulhante. Ele nos deixa inclinar os ouvidos em seu peito, como o fez o apóstolo João, para que atraídos por sua pulsão de amor possamos escutar seus segredos e afinar nossas intenções com seu ritmo de vida.
    O Coração de Cristo, ao se manifestar, é sempre força de atração que em si mesmo nos abre um lugar onde é possível tocar os tesouros sagrados que nos dão vida plena. Não é só a riqueza de Deus que se vê espalhada pelo peito aberto do Salvador, mas também é a possibilidade que ele nos dá de entrar em sua intimidade pela fenda dessa mesma ferida, tornada agora em porta do paraíso e certeza de curar para toda pessoa que a contempla. Embora a lança tenha sido o objeto de perfuração exterior, foi o amor que rasgou o Coração do salvador pelo seu interior! Foi sua misericórdia que nos resgatou e abriu o caminho para uma nova história.
    Que o Cristo transpassado nos ajude e inspire a querer e viver a ardente devoção ao seu Sagrado Coração, manancial de amor, misericórdia e Salvação. E como outro santo místico, São João Eudes, possamos crer, ensinar e a todos dizer que “o cuidado e a ocupação principal de todo batizado consiste em formar e estabelecer Jesus em nós, e fazer que aí Ele viva e reine. Porque, ser Cristão e ser santo são a mesma coisa”.


Pe. Vando Marques, scj

 
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